12/05/2014 às 17:51
Os olhinhos arregalados e o quase adormecer do pequeno Benito, de três meses, enquanto é amamentado, é apenas um dos momentos que encantam a mãe de primeira viagem Munira Trancoso, de 21 anos. O filho, gerado durante seu tratamento contra um tipo de câncer, é o troféu da estudante, que se declara a “mãe mais babona do mundo”. Neste domingo (11), ela comemora o primeiro Dia das Mães agradecendo pela cura e pela saúde do filho. “Câncer? Não existe mais essa palavra na minha vida! A fé move montanhas, e neste caso ela me trouxe o melhor presente que alguém poderia ter, um filho. Eu amo ser mãe”, celebra.
Munira contou que os sintomas da doença começaram a aparecer no início do ano passado. E foi quando ainda buscava uma explicação para os nódulos que sentia no pescoço, que uma gravidez inesperada foi descoberta. “Desde o início de 2013 eu sentia uns nódulos diferentes no meu pescoço. Não era normal, então comecei a ir em vários médicos, mas nenhum dava um diagnóstico certeiro. Durante a busca por esse diagnóstico, engravidei. Logo após duas semanas da descoberta da gravidez, veio o resultado da biópsia, eu estava com Linfoma de Hodgkin”, lembrou.
A doença, um tipo de câncer que se origina nos linfonodos (gânglios) do sistema linfático, poderia colocar em risco a vida do bebê, já que Munira estava no terceiro mês de gestação. Mesmo assim, a vontade de ser mãe, um sonho antigo da estudante, falou mais alto.
“De acordo com alguns médicos, eu não poderia ter o Benito, pois os riscos do tratamento eram enormes. Comecei a pesquisar na internet e vi que o neném podia nascer com problemas, prematuro, ou que eu não ia poder amamentar. Mesmo assim, eu escolhi ter o bebê, a minha vontade de ter o filho que eu gerava era imensa. Os médicos pensavam primeiro na minha vida, mas eu pensava primeiro na vida do meu filho”, contou.
Além da doença, a estudante também enfrentou o término de um namoro de dois anos enquanto ainda estava grávida. Com o fim da relação, o namorado, pai de Benito, não acompanha o crescimento do filho. Mas, segundo ela, esse não é motivo para se lamentar. “Graças a Deus estou mais forte do que nunca pra cuidar do meu filho sozinha”, garantiu.
Tratamento
Diante das dificuldades, a estudante encontrou na fé um dos pilares para enfrentar a doença. “Tive que começar o tratamento com urgência, pois o câncer cada vez mais se estendia pelo meu corpo e eu estava com princípio de trombose nas veias. Fiz toda a quimioterapia, emagreci 10 quilos, e confiei em Deus que eu iria ser curada pra poder cuidar do meu filho”, contou.
As sessões de quimioterapia começaram no quarto mês de gravidez, e foram até bem perto do final da gestação. Para ela, a chegada de Benito, no dia 15 de janeiro, representou uma imensa vitória após meses de apreensão e cuidados. “Ele nasceu perfeito, com o tempo de gestação certo. A emoção foi enorme, um milagre na terra, o meu milagre.”
Após a chegada do bebê, Munira deu continuidade ao tratamento com sessões de radioterapia, que duraram um mês. Nesse período, outra boa notícia acrescentou um brilho no olhar da jovem. “No início, um médico chegou a dizer que eu teria que tomar remédio para secar o meu leite. Mas quando descobrimos que eu poderia amamentar, minha mãe chorou muito. Prezamos muito pela amamentação”, contou.
Durante a luta pelo fim da doença, o cabelo de Munira não chegou a cair, o que ela considera mais uma vitória.
Maternidade
Para a estudante, a maternidade, mesmo que inesperada, foi o motivo para que a doença fosse enfrentada com tranquilidade e otimismo. “Se não fosse a gravidez, eu não ia ter forças para passar por isso tudo. Foi tudo por causa do Benito. Me concentrei na minha gravidez, só pensava no meu filho, e não no câncer”, falou.
Durante boa parte do tratamento, Munira aproveitou seu perfil no Facebook para expor o andamento da gravidez. Em praticamente todas elas, a estudante deixava mensagens de otimismo e esperança. “No início eu não quis expor, mas muita gente já sabia e queria acompanhar a minha rotina. Como muitas pessoas estavam longe, decidi começar a postar”, disse.
Em uma das postagens mais recentes, publicado no dia 17 de abril, a estudante publicou uma mensagem em que comemorava o fim do tratamento. Para ilustrar a felicidade, Munira usou uma foto em que está com Benito no colo. “Acabou!!! Tratamento chegou ao fim!! Obrigada a todos que me ajudaram direta e indiretamente, principalmente a minha família. E para aqueles que desmereceram a minha luta e que não me ajudaram colocando fardos mais pesados, um recado: eu adorei, me fizeram ter o dobro da garra de enfrentar tudo isso!!”, escreveu.
Curada e realizada, hoje ela resume a alegria em ter o filho nos braços: “Aprendi que ser mãe é muito além de ter um filho. Ser mãe é ser mulher, é ser guerreira, é amar alguém mais que você mesma. Hoje estou completa”, comemorou.
Fonte: G1